5 de abr. de 2011

CARTA ABERTA AOS JORNALISTAS DA BAIXADA SANTISTA


Com incentivo e a noção de que precisamos avançar nas conquistas, a atual diretoria da regional Santos finalmente reativou as atividades do sindicato em nossa região. O que estava mergulhado na mais profunda inércia, começa a dar sinais de vida, começa a se mexer. As gestões passadas mostram o caminho que não devemos seguir: Um sindicato morto!
Entretanto, ainda falta muito, não resolve nada fazer acordos com os patrões depois das demissões concretizadas, como no caso de A Tribuna, no início de 2011. É preciso muito mais como mobilizar os jornalistas e conforme o caso paralisar para readmitir. Sem a mobilização, apenas com reuniões, denúncias, pautas imediatas, acordos, continuaremos falando ao vento. Jornalistas mobilizados, essa é a voz que os patrões escutam, é isso que deve buscar o sindicato. Em 2010 a diretoria conseguiu promover apenas um ato. Nenhuma paralisação por local de trabalho, assembleias esvaziadas... Nem mesmo panfletagem, passeata ou abaixo-assinado.
Não queremos com essa constatação culpar os diretores do sindicato, sabemos do enorme piano que carregam, das enormes dificuldades que temos. Uma categoria que perdeu completamente a cultura de luta de anos atrás, que estranha qualquer atitude de seu próprio sindicato, graças aos ataques que a categoria sofreu, a falta de respostas e a um vácuo de direção que durou longos anos. E que, apesar disso tudo, tem avançado na tentativa de tirar nosso instrumento de luta da mesmice.
PORQUE SOMOS OPOSIÇÃO?
REGIONAL - Temos visões diferentes de mundo, do papel do sindicato, modo de organização dos trabalhadores, objetivo das lutas... O que acaba modificando em substância o modo de conduzir as coisas. Para não ficar só no abstrato, vamos a alguns exemplos:
-Ao invés de aprofundar ainda mais o sindicato no assistencialismo, indo atrás de convênios e benefícios, temos que PRIORIZAR a mobilização da categoria: promover debates, ciclo de filmes político/sindicais, cursos de preparação e conscientização política do trabalhador, o real poder da classe trabalhadora, o que é classe, como somos importantes no processo do capital e muitos outros;
-Ao invés de somente promover debates sobre o meio ambiente, fotografia, etc, temos temas PRIORITÁRIOS sem os quais não conquistamos nada no presente e sequer avançamos em direção a uma categoria forte que discuta os temas necessários e ligados ao exercício do jornalismo, como as condições de trabalho, as terceirizações, um piso salarial maior, o jornalismo multitarefa, assédio moral na redação, mudanças pós-queda do diploma, para citar algumas demandas.
-NUNCA, nunca colocaríamos, por exemplo, na mesa de abertura de um congresso NOSSO um político do Democratas (DEM) partido representante máximo da burguesia e do reacionarismo brasileiro ou qualquer empresário que seja como aconteceu no Congresso Estadual realizado em Mongaguá/SP. Nosso sindicato faz parte da classe trabalhadora explorada há séculos pelos patrões, disso não podemos esquecer;
-Autonomia de classe: nossos churrascos/comemorações não podem ser bancados por Usiminas, presidente da Sabesp, DEM, deputada estadual Haifa Madi, como acontece atualmente na regional Santos;
ESTADUAL - Nossa categoria vem sofrendo inúmeras derrotas e o entreguismo generalizado das gestões que se sucedem estadualmente ajudam ainda mais nas derrotas:
-Pasmem, a jornalista do sindicato (Sede) é TERCEIRIZADA! Isso mesmo, a forma mais avançada de exploração do trabalho alheia e que tanto combatemos é a que usamos;
-No nosso boletim mensal temos a seção "Vai e vem do Mercado". Cacildas! Em qualquer sindicato sério o nome da seção seria "Demissões" e o texto retrata as respostas dadas para cada demanda;
-O Sindicato convocou assembleia para aprovar o novo plano de financiamento apenas um (1) dia antes! Pior ainda, somente por email! Resultado: assembleias vazias, aqui na Baixada Santista apenas três (3) jornalistas compareceram. Isso porque no nosso Congresso Estadual aprovamos uma AMPLA discussão na base sobre o assunto. Esse novo plano nem se quer foi mandado no email de convocação, somente no próprio Congresso foi distribuído. O mesmo, praticamente dobrou o repasse dado à CUT, os sócios sabem disso???
- O nosso sindicato é assistencialista como demonstrou o malfadado e enterrado Plano de Saúde, que trouxe apenas dívidas pagas até hoje e péssimo atendimento aos sócios. Abra o caderno de convênios e leiam a vergonhosa linguagem empresarial!
-Não deveríamos aceitar imposto sindical. Dinheiro vindo de forma compulsória, sem a consulta dos trabalhadores. Nossa entidade tem que ser financiada única e exclusivamente pelos trabalhadores que assim o quiserem e acreditam que apenas unidos venceremos a classe patronal;
CONCLUSÃO
Essa carta aberta vem no sentido de deixar clara nossa posição em relação a atual diretoria. Apoiamos e continuaremos oferecendo todo tipo de ajuda ao sindicato regionalmente, assim como o fizemos no ato que o mesmo conseguiu promover em 2010 (contra a medida que desobriga o diploma para exercício da profissão), conseguindo caminhão de som, panfletos, presença de diretores de outras categorias.
Temos nossas diferenças, conduziríamos de maneiras diferentes, mas isso não nos impede de apoiarmosqualquer movimentação, como vemos fazendo há anos colocando nossos nomes à disposição nas eleições, que retire nossa entidade do ostracismo fazendo com que os trabalhadores apoiem a nossa entidade de classe.
 
Oposição dos Jornalistas do Estado de São Paulo
Movimento Sindicato É Pra Lutar/Santos

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