10 de out. de 2007

Funcionário público denuncia o mau atendimento prestado em pronto socorro

Diretor do CREI Uilson Machado desaprova a conduta de médica concursada

Foi numa quinta-feira dia 27 de setembro, que mais uma família foi testemunha da caótica situação da saúde pública. Danilo Tavares, funcionário público da Secretária de Comunicações da Prefeitura de São Vicente, lembra que recebeu uma ligação às 17h50. Na linha um funcionário do super-mercado COOP, que cautelosamente foi passando as informações:

- Boa tarde, senhor Danilo! Eu trabalho no supermercado COOP. O senhor é filho de Dona Estelita Tavares dos Santos?

-Sim, pode dizer.
- Infelizmente, sua mãe passou mal, nós chamamos uma ambulância e nesse momento ela foi levada consciente ao CREI, para um pronto atendimento.

Na TV Primeira, rede de televisão municipal, pediu licença a seu chefe, chegando logo após sua mãe.

Já no local, Danilo encontrou sua mãe em uma sala, nervosa e pedindo que a retirassem dali.
“ Por favor me tire daqui, Danilo, essa médica é uma grossa”!
Essa situação acabou por assustar ainda mais o filho. A mãe sofre de estresse e toma remédios controlados. Uma tentativa de manter o equilíbrio emocional, após o falecimento do companheiro de 30 anos, ocorrido no primeiro semestre desse ano.

Estelita relata que a médica, Dr. Ana Maria F. Castro, CRM 68795, ironicamente perguntou: "Que foi? Brigou com o marido?"

Danilo explica que a partir desse instante, sua mãe praticamente entrou em choque. “Meu Pai faleceu não faz nem um ano, uma dor enorme para toda família. Mesmo assim a médica continuou ironizando minha mãe, na frente de todos, em voz alta, dizendo que não tinha culpa de nada e que ela que já estava nervosa".

"Eu pedi para a Dr. Ana parar, mas continuou”. Relata que a médica perguntava: “Que foi? Ela brigou com o marido para estar nervosa assim?”.

“Eu olhei fixamente nos seus olhos e disse pausadamente, e baixo, com todo ódio que poderia ter naquele momento. Meu pai faleceu" .

Segundo o funcinário público, ela quis mudar de assunto. “Eu sou profissional”.

Tavares, argumentou para a doutora que sua postura não estava correta.“Um médico profissional usa a psicologia para acalmar os seus pacientes e não deixa-los mais nervosos, humilhando-os em discussões que não levam o tratamento, a um resultado positivo”.

De acordo com Danilo, só assim ela se calou. “Seu orgulho não permitiu reconhecer seu erro, e sua péssima conduta médica. Talvez ela se sinta superior a nós, seres humanos comuns, por possuir um diploma de médica”, disse em tom de desabafo Danilo Tavares.

O diretor geral do Crei, Uilson Machado, que assumiu o cargo há dois meses, tomou conhecimento do caso e mostrou-se indignado com a atitude da Dr. Ana Maria, dizendo não ter essa postura, não aceitar e não defender esse tipo de profissional. “Sei das dificuldades, mas quem não tem formação não serve para trabalhar”.

De acordo com Machado, o trabalho de direção do CREI é de extrema responsabilidade, e nem por isso atende mal seus pacientes. “Minha filosofia é de humanizar o ambiente de trabalho, nós vamos apurar e tomar as devidas providências”, disse o diretor.

Procurada pela redação do Grupo Mundo Cultural na última quinta-feira, dia 4 de outubro, no CREI, após as apresentações, a Dr. Ana Maria F. de Castro, a princípio, disse não saber do que se tratava.

Foi então lembrada pelo repórter: Repórter: Drª. você recorda da última quinta-feira, às 17h50, ao atender a paciente Estelita Tavares dos Santos, que estava na companhia de seu filho Danilo Tavares? No caso, eles estão afirmando que a senhora não teve uma conduta profissional, e sim uma atitude inadequada para a função. Eles afirmam que a Srª, ao invés de diagnosticar, insistiu em perguntar se ela estava nervosa por ter brigado com o marido. E que somente parou com a ironia, quando foi informada que o marido da mesma havia falecido há menos de um ano.

A Drª. Ana disse não se manifestar sobre o assunto a qualquer pessoa. “Somente me reporto ao corpo médico e à direção. Isso é alguma piada”?

Estelita Tavares dos Santos, saindo do CREI, se dirigiu para a Beneficência Portuguesa. Ficou internada em observação, no dia seguinte fez uma endoscopia, ficando constatada uma úlcera estomacal. Permaneceu internada mais três dias, recebendo alta na segunda-feira.

9 de out. de 2007

Para criticar é preciso saber o diagnóstico

Como em qualquer lugar, existem bons profissionais, maus profissionais, e profissionais num péssimo dia

Como usuário do SUS - Sistema Único de Saúde já presenciei atitudes arbitrárias de médicos anteriormente, mas não posso negar, também encontrei ótimos profissionais. Carrego comigo o conhecimento da funcionalidade dos hospitais da região. Na última década fiz uso demasiado, por conseqüência de um acidente de trânsito. A minha infelicidade ocorreu em 1999, ainda no mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quando José Serra era o Ministro da Saúde. Fratura exposta de tíbia, perda de 13 cm de substância óssea, foram necessárias seis cirurgias e o uso de um aparelho russo, chamado Lizarov. “Gaiola”, como é conhecida popularmente. Tempo de tratamento, 4 anos ininterruptos. Hoje, recuperado, carrego no corpo as marcas de um acidente de trânsito e as lembranças de uma experiência dolorosa. A sensação que tenho, conversando com alguns renomados médicos, é que as coisas, naquela época, funcionavam melhor.

O tratamento foi todo custeado pelo SUS, realizado pela equipe de Ortopedia do Hospital São José e posteriormente CREI - Centro de Referência em Emergência e Internação. O médico, Dr. Miguel Nicolau, brasileiro da melhor qualidade. Atende todas as terças-feiras uma média de 100 pacientes pelo SUS, numa pequena sala nos corredores do CREI.

Justiça seja feita, com esses profissionais que são dignos. Fazer críticas sem conhecer o problema generalizando toda uma categoria, é uma irresponsabilidade. Portanto, se o sistema está caótico no atendimento, certamente não é por causa dos médicos que atendem a super população de baixa renda, que lota os prontos-socorros. Sou solidário aos verdadeiros soldados que lutam há décadas pelo sistema de saúde da região. Como em qualquer lugar, existem bons profissionais, maus profissionais, e profissionais num péssimo dia. Mas vai dizer isso para um paciente com dor.