17 de set. de 2007

Dois projecionistas, muitas saudades

Pernambucano da cidade de Garanhuns, Clóvis Ferreira da Silva, de 47 anos, opera com melancolia o projetor do Cine-Arte Posto 4 desde a inauguração, em 1991 ("fundei, mas não afundei"). Aprendeu o ofício na década de 80, durante exibições nos Estúdios Atlântico 1 e 2, mesmo lugar do Gonzaga onde estão hoje as Lojas Americanas.

Relembra que os amantes da sétima arte tinham sessão cativa à meia-noite em uma das salas da Empresa Santista de Cinema. Todos sócios de carteirinha do clube que só exibia filmes antigos. Para a criançada tinha refrigerante de graça na sessão de domingo, às 10 horas. Clóvis sente falta dos cinemas de bairro e da camaradagem entre projecionistas.

Outro saudosista é Justo Evangelista dos Santos, de 57 anos, hoje à frente de uma banca de jornal no Gonzaga com o sugestivo nome de Cinelândia.

Ele guarda na carteira um comprovante de mensalidade do Sindicato dos Operadores Cinematográficos do Estado de São Paulo. Cr$ 1.500,00 pagos em abril de 1985. "Cinema Paradiso é um bom exemplo de como era trabalhar com projeção ".

De outra fita guarda um tipo diferente de recordação. Em uma das sessões de Exorcista, clássico maior do terror, um vento fez bater sozinha a porta da sala de projeção, deixando Justo literalmente apavorado No mais, só boas lembranças do tempo das filas nas portas dos cinemas que atraíam famílias inteiras.

Colaborador Julio Ibelli

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