25 de abr. de 2007

Democracia alienante ou às avessas?

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que atualmente 27,55% das crianças de 13 anos do Rio de Janeiro, de alguma forma, já foram adotadas pelo narcotráfico. Delas, 90% usam maconha e 23%, álcool. Segundo a pesquisa, os fatores que atraem essas crianças, por ordem de importância, são a adrenalina, identidade com o grupo, as chances de ganhar dinheiro, a sede de poder e, por fim, o consumo pessoal.

O Brasil cresceu lentamente nos últimos 30 anos. Pobres são os herdeiros de brasileiros que trabalharam pela nação e muito pouco lhes foi dado em troca. Os filhos sofrem as conseqüências de habitar um país de políticos sem a menor boa vontade e sedentos de poder.

Duro é lembrar os resultados da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) em 2005. Apontando dados sobre analfabetismo funcional e absoluto e concluindo que somente 25% da população brasileira entre 15 e 64 anos conseguem ler e escrever plenamente, a pesquisa mostra que 75% encontram dificuldade ou nenhuma habilidade na leitura e na escrita.

No mínimo, três gerações de brasileiros foram condenadas ao extermínio e, pior, sem a menor chance de defesa contra a fome, a violência urbana e a falta de educação formal. De um outro lado da democracia, o clientelismo partidário compra votos na boca das urnas e nas barbas do Tribunal Superior Eleitoral.

Já que citei as crianças, elas sim são as que mais sofrem nesse contexto. Perdem a inocência em um curto espaço de tempo e em regiões mais tribais são abusadas sexualmente antes dos 10 anos de idade. Isso é tão grave que, enquanto você lê este texto, possivelmente uma criança está sendo estuprada e provavelmente outras estão se prostituindo em algum lugar abaixo da linha da pobreza.

Quando se é pobre ainda é possível viver com dignidade e amor, mas a miséria acaba com tudo. O mercado de consumo chega forte e com grande investimento em pesquisas, as mesmas que não são usadas pelos governantes para melhorar a qualidade de vida dos seus eleitores. Com os valores morais vencidos pela mídia, jovens brasileiros mergulham no submundo do crime na tentativa de suprir a necessidade de trabalho e amor. A indústria cultural impõe a promiscuidade e gera filhos sem pais.

Até quando os governantes dessa nação vão continuar desviando o dinheiro público? A estrutura social não suporta tanto descaso. É preciso criar projetos que realmente funcionem para conscientizar os jovens olhares formados pela mídia.

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