3 de mai. de 2007

“Ter ou não ter” cultura em São Vicente, eis a questão?


São Vicente é o município que mais se desenvolveu economicamente em toda região, alcançando grandes índices tributários, fortaleceu o comercio, criou no vicentino um patriotismo fundamental que elevou a historia da sua fundação a grandes veículos de comunicação dentro e fora do Brasil.

Hoje nos perguntamos: “Porque nossa cidade é tão bem desenvolvida e tão atrasada culturalmente”? Estas perguntas poucos conseguem responder.

Nossa cidade é considerada um cartão postal do litoral paulista, 1° município a ser fundado, 1ª câmara das Américas, 1ª civilização e por ai vai. Nossa historia é bem contada por diretores teatrais, artistas globais e comunidade. Na encenação dos cegos de Martim Afonso, tudo muito belo.

Mas a grande frustração, do povo Calunga, esta no depois... O que acontece quando tudo acaba? Porque temos que nos contentar com a lacuna que sofremos ao longo do ano esperando a próxima encenação chegar? A Princípio esta encenação pertence a quem? Ao poder público?Aos Vereadores? Ao “Secretario de Turismo e Cultura”? Ou pertence aos artistas da cidade? Que mesmo com todas as dificuldades e condições mínimas de outrora, suavam seu figurino. Encenando ao sol quente todos os passos da chegada do Martim Afonso em São Vicente?

Assim sendo, percebemos que com o passar do tempo, houve uma grande frustração dos artistas de nossa cidade. Além de uma grande descrença em relação às condições miseráveis que ocupam, quanto fazedores de arte e cultura. Basta trabalharmos em um raciocínio lógico, que percebemos o incrível sucateamento dos nossos pontos de cultura.

Mas o que mais possuímos? Que pontos são estes? Temos equipamentos culturais funcionando corretamente? Uma sala de espetáculos para manifestações de artistas de nossa cidade?

Citarei alguns exemplos:

1ª Vila de São Vicente: (Voltada apenas para a programação comercial da associação mantenedora, lá você pode desfrutar de bebidas, quitutes e até mesmo comprar algumas bugigangas iguais às revendidas na 25 de março), ainda possuí um teatro de bolso, que se transformou em um guarda roupas de tranqueiras da encenação e entulhos da vila.

2ª Cine 3-D ou Centro Cultural da Imagem e do Som: Voltado á exibição de filmes, e encontros de audiovisuais, possui uma biblioteca com alguns livros interessantes, e um acervo audiovisual de um importante colecionador, do outro lado algumas exposições de telas, mas qual a programação? O que exatamente acontece naquele equipamento?

3ª Casa Martim Afonso: (antigo JOBAS) Abriga importantes exposições e informações do nosso município.

4° Centro de Convenções: O mais colossal de nossos pavilhões, um grande espaço, bem localizado, próximo à rodovia, e com grande área de estacionamento e boa ventilação, mas o que acontece mesmo por lá? No pavilhão, asseguramos que a programação dos shows e bem intensa, eventos institucionais e algumas feiras. Lembrando que tudo é muito bem pensado e voltado ao apelo popular. Com o intuito de formação de palanque político. Agora o Auditório é uma tristeza, não tem estrutura pra quase nada, tudo tem que ser adaptado e sub-locado.

A grande dúvida que permeia é o que faremos culturalmente no futuro, da nossa cidade? Poderemos nos transformar em uma cidade com grande número de dançarinos de lambaeróbica, artistas de rua ou malabaristas de semáforos. Já que na cidade não existe um teatro, a solução e ganhar dinheiro nas ruas. Cantores de Funk, porque é uma das manifestações culturais mais próximas da comunidade, nada contra os fankeiros. Ou então nossos famosos shows de bairros: rua de lazer, dia de alegria, domingo legal... Isso varia de acordo com o político e bairro.

Acreditamos que em um futuro bem próximo nossa São Vicente, se destacará com estes maravilhosos atrativos culturais para a população. E com isso representaram á cidade em grandes competições no território nacional, ou até mesmo no Domingão do Faustão, “Se vira nos trinta”.

O que difere São Vicente de qualquer município da nossa região é a incapacidade de um bom gerenciamento de nossos equipamentos culturais! Porque não existe mais a Secretaria de Cultura? Porque esta pasta passou a ser uma divisão dependente do Turismo? Como pessoas que não possuem sensibilidade artística e capacidade de discernimento sobre o assunto, podem gerir duas Secretarias Municipais?

Isso ocorre porque pessoas despreparadas ocupam vagas que deveriam ser ocupadas por profissionais capacitados no assunto “cultura”. A ausência de artistas locais debatendo o planejamento cultural do nosso município, faz com que estes interesses sejam voltados apenas aos comerciantes e políticos.

Para uma melhor condição humana de desenvolvimento de sociedade, precisamos repensar o que estamos fazendo! Sentimos cada vez mais necessidade em constituir em nossa cidade um Conselho de Cultura, para então tentar realizar a sua atribuição constitucional. Elaborar junto ao poder legislativo um Plano Municipal de Cultura, até mesmo a criação de um Fundo de Incentivo à Cultura.

A atuação do Conselho de forma participativa com a comunidade cultural, inserindo-o em atividades do Estado e Governo Federal. Possibilitando aos agentes culturais da cidade, um canal de comunicação direta com os conselheiros. Concretizando com isso uma gestão voltada para desenvolver uma política cultural inclusiva e transparente.

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